26.4.11

VIAJANDO


''Não é preciso agendar, entrar em fila, contar com a sorte, acordar cedo para pegar senha: a possibilidade de recomeço está disponível o tempo todo, na maior parte dos casos. Não tem mistério, ela vem embrulhada com o papel bonito de cada instante novo, essa página em branco que olha pra gente sem ter a mínima ideia do que escolheremos escrever nas suas linhas.
O que é preciso mesmo é coragem para abrir o presente.''
Ana Jácomo


Sentei-me à sombra de uma árvore durante a caminhada do dia, contemplava o céu azul reunindo as nuvens dos meus pensamentos mais profundos e eis que surge um Viajante e, sem premissas ou apresentações relata-me histórias. Não fala de monstros, príncipes e donzelas adormecidas, explica sobre as ações e escolhas das gentes espalhadas por todo canto. Fez entender a importância de um terceiro olhar diante da construção da vida, do destino, das nossas histórias.

Não foi evasivo, não tentou me poupar, não construiu castelos no ar.

Pegou a palha, atochou no cachimbo, acendeu a brasa com o fósforo, puxou forte para recuperar o fôlego e me deixou.

Achei o Viajante muito breve, não pude perguntar-lhe o nome, saber de suas origens, do sabor da palha na sua boca. Foi embora num rastro de luz, no pó das estrelas. Recebi num fôlego tudo aquilo. Olhei para a estrada. Levantei num impulso. Fechei os olhos para ouvir a brisa e, limpando a terra das mãos segui o caminho de chão.

“Foi bom...” falei pro ar, “Foi muito bom.”, pude cantar.

Caminho agora um pouco mais velha, um pouco mais atenta, fogosa na chispa de luz que fez com que levantasse e seguisse.

Viajar é para os que aprendem com a estrada.

Um comentário:

Margarethrosef disse...

É menina...voce escreve bonito, profundo,com instinto...deveria escrever teu livro...será um sucesso, uma benção dentro deste mundo árido de palavras inuteis...as tuas são úteis, valiosas, diamantes já lapidados...sou tua fã!!! Bjs